A
Rosa é liberdade.
A
Rosa é impedida de ser livre.
Nos
quadrinhos “V de Vingança”, há a representação de um governo totalitário e
desumano, no qual homossexuais, negr@s e comunistas eram jogad@s em campos de
concentração, onde eram mort@s após serem utilizad@s como cobaias para
experimentos. Valerie, lésbica presa num desses campos, escreve, em poucas
páginas, sua vida, tentando imortalizar um pouco de si numa carta. Nesta carta,
expressava sua esperança: de que o mundo mudasse, as coisas melhorassem e que,
um dia, as Rosas, desaparecidas daquele governo, voltassem.
No
nosso mundo real, o mundo globaritário, há os que tentam (e às vezes
conseguem), fazer com que as Rosas desapareçam. Não querem que a Rosa seja
semeada, não querem que surja seu botão, não querem que o botão se estenda em
direção ao sol, não querem que a Rosa desabroche. Sobretudo que a Rosa
desabroche! Por quê? A Rosa desabrochada mostra às outras que elas também podem.
E apesar de sua aparente fragilidade, a imponência de sua beleza a torna
resistente.
Mas
que caminho a Rosa teve que enfrentar para se estabelecer tão forte! Que
caminho! Algumas esmorecem no meio, não chegam mesmo a desabrochar. Outras,
mesmo na sua fortaleza desabrochada, não conseguem impedir a faca que corta
seus espinhos e a arranca de suas raízes. Ainda há as que precisam ir, quando
seu tempo chega. Porém, qual seja a forma como suas almas foram levadas a
deixar o mundo, suas memórias ficam firmes nele. Pois elas lutaram! Sim, essas
Rosas lutaram e deixaram essa grande herança que é a luta. Seu exemplo fica
para os botões que ainda estão se desenvolvendo.
A
Rosa negra, orgulhosa de sua cultura ancestral que se espalhou pelo mundo em
meio ao período da escravidão. A Rosa que não encontra seu lugar na maioria, e
procura um grupo de Rosas com as quais forma uma “tribo” que a identifica e a
ajuda a enfrentar o estigma. A Rosa mulher, que tenta contornar os estereótipos
milenares de sua inferioridade. A Rosa ridicularizada por sonhar com um mundo
melhor, porque sabe que “impossível” e “nunca” são palavras inventadas para que
a palavra “utopia” não se fortaleça a ponto de saltar para a realidade. A Rosa
que enche sua vida de arte e subjetividade, sendo tachada de louca por não
seguir a manada. A Rosa que dança e canta forró, rap, funk, pagode, na procura
da música que reflita sua vida, não a vida dos que dominam a cultura
considerada de qualidade. A Rosa lésbica, bi e gay, que colore sua vida de um
amor diferente que o mundo teme conhecer. A Rosa pobre, que precisa se
desdobrar para (sobre)viver em meio a falta de recursos e os olhares pouco
solidários que recebem. A Rosa que nasce em um corpo e pensa como outro, se
traveste e se transforma em direção à liberdade de sua mente, que não se limita
pelo físico. Nossa, quantas mais Rosas eu poderia falar! São tantas! Não sou
capaz de listar todas. Mas são todas Rosas, e, como tais, elas desabrocham e
resplandecem à vista de todos. Belas e imponentes, preparadas, com seus
espinhos, para a defesa.
Ah,
Drummond, deixe-me roubar um pouco de suas palavras para falar dessas lindas
Rosas, que lutam e furam o asfalto, o tédio, o nojo, o ódio e, sobretudo, o
preconceito!
Belas
Rosas que vão lutando desde o botão, para conseguir alcançar o ar livre,
respirar. E quando alcançam, precisam ainda lutar para se manter, para que
nenhuma força maior venha arrancá-las de suas raízes.
Entretanto,
o mais importante é que, mesmo com toda essa necessidade de lutar, apesar de “vocês”,
amanhã e depois e depois e depois e depois e depois e depois... virão outros
dias, dias nos quais mais Rosas sempre estarão desabrochando.
Em homenagem a Joris e Ana Catarina, que antes de
mim já sabiam das Rosas
e me ajudaram a enxergá-las.
Ou seja, a Rosa é a solução para o mundo melhorar ^^
ResponderExcluirSim, ela é, senhor/senhora Anônim@ ^^
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