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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Canções à la chanson

Dessa vez estou postando para dar uma de metida a sabida de música falar um pouco de uma grande artista que meu pai descobriu há pouco tempo, me mostrou e desde então fiquei fissurada. 

Zaz, nome artístico da jovem francesa Isabelle Geffroy, é um daqueles talentos raros que se destacam facilmente, mesmo entre bons músicos. Sua grande revelação foi em 2010, com o lançamento do seu álbum homônimo. Ano passado lançou a edição limitada desse álbum e um Live. 

Seu sucesso é maior nas paradas europeias, sendo pouco conhecida no Brasil (um pequeno parênteses para comentar como é importante a internet para a disseminação da arte em geral, arte essa que não deveria ser prendida pelo dinheiro), mas com tanto talento, espero que isso mude nos próximos anos, ainda mais considerando seu sucesso nos meios virtuais. Mas sabemos que talento nem sempre é sinônimo de fama.

Acredito que boa parte dos motivos dela estar chamando a atenção, provém da variação das fórmulas da música popular: originalidade é o que não falta nos álbuns da cantora. As composições presentes neles trazem elementos de jazz e soul, mas com a pitada do chanson, estilo tipicamente francês, (que também é a língua na qual as músicas são cantadas) o que torna o trabalho da Zaz diferenciado. Ainda temos sua voz, "instrumento" que ela domina perfeitamente, e é simplesmente inconfundível. E aqueles problemas em relação aos "lives", tão comuns com artistas pops? Essa garota tira de letra.

Zaz não foge ao dito de que músicos realmente bons têm seu brilho no palco. Ouvindo seu álbum ao vivo, Live Tour: Sans Tsu Tsou, somos surpreendidos com uma interpretação espontânea, intensa e diversificada, indo da animação de músicas como Ni Oui Ni Non ao intimismo de Eblouie Par La Nuit. Com sua originalíssima voz, Zaz transmite sentimentos tão bem que a linguagem passa longe de ser um obstáculo na sintonia do ouvinte com a música. Pelo contrário, o francês acaba tornando a audição ainda melhor, por soar inovador aos nossos ouvidos acostumados ao inglês, pelo menos nesse estilo musical. E as surpresas não acabam por aí.

Com o Sans Tsu Tsou, também somos contemplados com um belo instrumental. O destaque do álbum é o baixo acústico, um deleite aos ouvidos, principalmente no grande hit Je Veux. A ótima Ma Folie também dá um bom destaque aos instrumentos, e foi uma das músicas inéditas que mais me agradou. Isso apenas para mencionar alguns nomes, pois em todas as músicas do álbum temos a graça de curtir um belo som, além da vocalista. 

Por ser som de ótima qualidade, com vários pontos positivos (o único defeito relevante é a semelhança demasiada entre algumas composições), conclui-se que se Zaz fosse mais conhecida por aqui, com certeza o álbum estaria em muitas listas dos melhores de 2011. Mas se você ainda acha que a obra não merece um pouco do seu tempo para ouvi-la, então nem que seja por Zaz ser uma dos poucos bons artistas atuais que alcançam uma certa fama, indico que ouça pelo menos algumas composições dessa francesinha de voz inigualável, mesmo que o estilo não seja o que mais te agrada, pois ouvir boa música nunca é desperdício.


   




domingo, 30 de outubro de 2011

Música de fundo


A velocidade com que informações são transmitidas de um ponto do globo ao outro é incrível ao pensamos no passado, o que trouxe impactos enormes para a indústria musical, bons e ruins (alguns aspectos sobre isso o Profeta Rocker, do blog A Bíblia do Rock, já discutiu bastante aqui e aqui). Um desses impactos é a crescente queda na venda de CDs. Atualmente, é mais fácil enfiar milhares de músicas no computador e passar para o iPod 64 GB do que comprar álbuns. Isso muda o modo como escutamos e valorizamos a música.

É inegável que reprodutores portáteis de MP3 ampliaram as possibilidades dos amantes da música. Pode-se ouvir um pouco de Janis enquanto está no ônibus, um pouco de Iron na fila do banco, algo de Angra enquanto espera o namorado(a) atrasado(a), levar as melhores vozes de Ópera numa viagem longa, enfim, inúmeras novas formas de ouvir música. Mas, será que estamos mesmo apreciando a música como deveria?

Confesso que de vez em quando coloco algo para tocar só para preencher o silêncio, sem prestar real atenção ao que entra nos meus ouvidos. Não vejo muito mal nisso, afinal, é difícil encontrar tempo para dar o devido reconhecimento a todas as músicas que ouvimos. O problema é quando só escutamos assim.

Para algumas pessoas, todos os filmes, livros, músicas, programas de TV, trabalho, poderiam ser desfrutados apenas pelo computador. E isso acontece bastante com a música. Baixar uma faixa, álbum, ou até mesmo comprar, via internet não é algo difícil, podemos fazer isso com vários no mesmo dia. Essa facilidade faz com que aqueles álbuns não sejam tão valorizados, portanto não são absorvidos, acabam virando música de fundo para o que quer que o ouvinte esteja fazendo.

 Nós tendemos a valorizar mais o que é palpável, diferente dos bits da vida. Tenho um carinho especial pelos meus CDs, que são poucos, pois representam, para mim, o real trabalho do artista. Acredito que a arte do álbum, o encarte, fazem parte da obra, e sem o CD não podemos fruir totalmente da produção dos artistas. Porém, tento ao máximo não diminuir o prestígio pelos álbuns que só se encontram na forma de bits no meu computador e celular. Esse é o cuidado que devemos ter, para a música não acabar sendo algo superficial.

OBS: Esse post foi baseado num dos Blogs do Além, o do Jim Morrison