segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Apaixonados somos todos bobos

Geralmente eu só gosto de postar quando tenho um texto bem consistente e graaaaande, mas, dessa vez senti vontade de falar sobre como eu (e tantos outros) sou hipócrita sem muitas linhas. Estava assistindo o filme "Cartas para Julieta" e fiquei refletindo, durante o filme, como nele havia centenas de clichês românticos e dava para preceder do início ao fim o que acontecia em cada cena.

É, filminhos água-com-açúcar são chatos.

Mentira.

Filmes água-com-açúcar são chatos quando você não está apaixonado. E como o ser humano é um ser que se apaixona, filmes água-com-açúcar fazem sucesso. Qualquer arte água-com-açúcar faz sucesso. E eu odeio isso porque é criado um mercado em torno da nossa fragilidade emocional durante paixões, se aproveitando para captar nosso dim-dim. Mas eu sou hipócrita. Eu amando sou um clichê sem fim. Isso sou eu amando:

Eu acho que estou apaixonada.
Não sei.

Sonhar quase todos os dias em estar com você,
É estar apaixonada?
Não sei.
Eu acho que estou apaixonada.

Passar o dia pensando em como você está,
É estar apaixonada?
Não sei.
Eu acho que estou apaixonada.

Querer te contar cada detalhe da minha vida,
É estar apaixonada?
Não sei.
Eu acho que estou apaixonada.

Supor que tantas outras pessoas estão apaixonadas por você,
É estar apaixonada?
Não sei.
Eu acho que estou apaixonada.

Ficar feliz com um sorriso seu,
Ainda que seu sorriso não me pertença,
É estar apaixonada?
Não sei.
Eu acho que estou apaixonada.

Escrever tantos clichês românticos,
É estar apaixonada?
Não sei.
Eu acho que estou apaixonada.

Escrever tantos clichês românticos e não sentir nojo,
É estar apaixonada?
Não sei.
Eu acho que estou apaixonada.

Escrevi tantos clichês,
Deveria vomitar um arco-íris.
Não quero.
Não vou.
Porque acho que estou apaixonada.
Quero morrer.
Não, vou ficar.
Para te ver de novo.

Queria te mostrar isso.
Você me acharia romântica?
Você gostaria de eu ser romântica?
Você saberia que “você” é você?
Isso seria bom. Ou ruim.
Não sei.
Eu acho que estou apaixonada
Droga.
Me apaixonei.


Os não apaixonados quase vomitaram xD
Pois é, por isso sou hipócrita, porque até letra de Restart se torna bonitinha para mim quando estou amando (mentira, exagerei).

(Dois posts no mesmo dia? Que inspiração! Ainda bem, pelo menos uma vez no mês ela vem me dar um alô!)

Ser ou não ser, não é opção


No dicionário Aurélio, a palavra opção está descrita como o ato ou faculdade de optar, livre escolha. Escolha está definida como preferência, predileção, ato de escolher. Infelizmente essas duas palavras são amplamente utilizadas ao falar-se de sexualidade. Opção sexual. Escolha sexual. Já pararam para refletir sobre o real significado dessas expressões? Sobre como elas expressam que por quem nos apaixonamos ou sentimos atração é uma prova de múltipla escolha na qual podemos marcar o X como bem entendemos? Não há coerência nesse pensamento quando pensamos sobre o quanto homoafetivos sofrem quando expostos a sociedade, sendo esta ainda preconceituosa e temerosa em relação ao desconhecido. Como alguém poderia querer viver se escondendo boa parte da sua vida ou sendo agredida verbal e fisicamente?

O filme “Rezando por Bobby”, baseado em fatos reais, retrata de forma bastante cativante e comovente a história de Bobby Griffith, jovem que se descobre homoafetivo e trava uma luta contra si mesmo, influenciado pela família, principalmente a mãe, tentando mudar-se através de orações, terapia, frequentação de igrejas, entre outras atitudes. Esta luta culmina no suicídio do jovem. A partir de então, sua mãe, Mary, começa a tentar entender seu filho, tornando-se uma grande ativista da PLFAG, associação estadunidense destinada a pais e familiares de homoafetivos. Infelizmente, apesar de toda contribuição de Mary Griffith, já era tarde demais para Bobby. Há muitos outros que vivenciaram e vivenciam situações como as do jovem Griffith, é uma boa parcela da população. Sem contar aqueles indivíduos que, ou por não conseguirem ou por não terem condições, não se assumem, é estimado em cerca de 10% a população homoafetiva, de acordo com estudos admitidos pela ONU e pelo IBGE.

A associação americana de psicologia (American Psychological Association), organização que representa os psicólogos estadunidenses, diz não haver estudos conclusivos sobre a origem da orientação sexual dos indivíduos, mas grande parte dos cientistas entra em consenso de que a orientação sexual surgiria de diversos fatores biológicos, sociais e psicológicos desenvolvidos nos primeiros anos de vida. Esta mesma associação, em 1990, definiu que terapias para conversão de orientação sexual não funcionam e trazem mais malefícios do que benefícios.

De acordo com a psicanálise, Freud diz que se a homoafetividade é tida como mistério, assim também o deve ser a heteroafetividade. Segundo Freud, todos nascemos bissexuais, e o que irá definir a orientação monossexual são fatores externos, inerentes ao indivíduo, ao longo do seu desenvolvimento. Nas duas visões científicas, não há opção. Não há escolha.

É absurdo pensar que seres humanos absolutamente normais possam escolher a dor, o sofrimento, a rejeição, o preconceito, o segredo e até mesmo a morte, em casos mais extremos. Por isso, antes de utilizar a expressão “opção sexual” ou “escolha sexual”, pensem um pouco sobre a força que as palavras opção e escolha têm neste contexto. Pode parecer pouco, mas uma simples troca de palavras em nosso vocabulário é um grande passo para mudar a mentalidade da nossa sociedade e para que esta evolua mais e mais em questões humanas.

Marina Oliveira


Uma parte particulamente emocionante do filme "Rezando por Bobby": 

 


Para finalizar, uma foto que eu acho muita fofa e verdadeira ^^


Pois é, aí está o meu post mensal, já que, infelizmente, minha cabeça só pensa uma vez ao mês e olhe lá xD