quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Essa busca do infinito...


Aceitemos que o diferente não é natural. Que o diferente é uma distorção do ser humano. O normal é o homem ter nascido para ser homem e amar a mulher. E a mulher ter nascido para ser mulher e amar o homem. Querer mudar o gênero com o qual nasceu, amar alguém do mesmo gênero que você é uma distorção mental. Amar ninguém também é uma distorção. Ou não querer transar com ninguém. Não querer viver com apenas uma pessoa para o resto da vida é outra distorção. Modificar o próprio corpo em busca de beleza, identidade, também. Todas essas fugas do comum são distorções mentais, pois não foi assim que o ser humano foi feito, não é assim que ele nasceu. Certo, admitamos tudo isso. Deixamos, então, satisfeitos os que têm fobia ao diferente.

Agora, está na hora de outra verdade. E essa verdade é que o ser humano não nasceu para ser o que é. Pois ele possui duas pernas para caminhar, braços para manusear, órgãos para reproduzir. Ainda que tenha sido feito para caminhar, o ser humano desejou se lançar ao oceano, ao ar, ao espaço, buscar formas mais rápidas para se locomover. Ainda que tenha sido feito apenas com mãos, o ser humano desejou moldar a madeira, a pedra, o metal, os minérios e tantos outros elementos para auxiliá-lo na transformação do mundo. Ainda que tenha sido feito com órgãos cujo intuito inicial era a reprodução, o ser humano desejou o prazer, e esta busca religião alguma jamais conseguiu refrear.



O ser humano sempre desejou e realizou ir além. Invadir os limites da sua capacidade física e os territoriais que sua anatomia impunha, explorar as possibilidades de transformação do mundo, procurar a ordem que ditava o sistema do mundo. Essas buscas sempre foram uma sina do ser humano, que permitiu o desenvolvimento dos mitos, da religião, da ciência e da tecnologia. E não foi por escolha, o desejo por essas buscas é irrefreável e apenas prisões externas poderiam impedi-lo de se manifestar, assim como impediram algumas vezes e impedem hoje na busca do íntimo.


Por que seria errado ir além e explorar a própria mente, a própria sexualidade, o próprio desejo, a própria aparência (não porque a sociedade exige que você se adeque a um padrão de beleza, mas para procurar seu próprio padrão)? Por que é louvável ousar em explorar o ambiente onde se encontra (atingindo assim a todos), porém é reprovável explorar o próprio íntimo (que diz respeito apenas ao próprio indivíduo)? Fernando Pessoa, sob pseudônimo de Álvaro de Campos, falava sobra a importância de "arrumar a mala de ser". Ora, nós arrumamos a mala para viajar, então sigamos o conselho do grande poeta e viajemos no infinito do nossa alma e seus desejos.

2 comentários:

  1. Se esse texto fosse uma batata, seria uma batata excelente!

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  2. kkkkkkk Obrigada, Dhanylo ^^ É ótimo ser quem produziu a batata rs

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